sábado, 9 de novembro de 2013

ORIGEM DA DANÇA DO VENTRE




Muito polêmica e incerta é a origem da Dança do Ventre. Ao pesquisar sua origem sempre se chega à seguinte conclusão: “Não há registros concretos que provem, com exatidão e clareza, a origem da Dança do Ventre”. Em decorrência disso, dissertaremos com base em hipóteses e, ao mesmo tempo, em certezas.

No princípio, “os nomes reais” da Dança do Ventre eram:

  • Dança Oriental - conhecida pelos orientais e nos países árabes. Todavia, o nome não é mais utilizado porque o termo ORIENTAL também designa países como Japão, China, que não fazem parte do contexto aqui mencionado.
  • Racks el Chark - que significa Dança do Leste, local onde o sol nasce. É o oposto de tudo, desconhecido, pouco claro, em decorrência da noite, da escuridão. O Sol também é o alimento e a fonte de energia para tudo e todos.


O nome “Dança do Ventre” foi dado pelos franceses para aquela dança na qual “a bailarina mexia o estômago e o quadril de forma voluptuosa, ao som de ritmos orientais”.

A Dança é uma das mais belas e antigas artes, pois, através dela, o homem passa a perceber o seu corpo de maneira instintiva.

            
Há mais ou menos 12.000 anos, antes, inclusive, do antigo Egito, numa época remota, já existiam danças ritualistas feitas para algumas finalidades. Havia, por exemplo, a dança da fecundidade, em que as mulheres ao redor das fogueiras – símbolo de luz e alimento para os primitivos - balançavam o quadril, pulsavam o ventre e contorciam-se como serpentes, em louvor à Deusa-mãe. Existiam, também, danças com sacrifícios para oferendas, rituais culturais, funerais etc.; realizados por tribos bárbaras e nômades do deserto.

No Antigo Egito a Dança Ritualística tinha um caráter sagrado, intimamente ligado à história e aos costumes. Viver no Vale do Rio Nilo equivalia a estar destinado a uma rotina e geografia extremamente simples. Para os egípcios, tudo era baseado e apoiado na hierarquia de seus Deuses e suas crenças.
            
Sacerdotisas Egípcias costumavam usar movimentos ondulatórios e batidas do ventre e do quadril para reverenciar Deuses como Ísis, Osíris, Hathor. Além disso, acredita-se que estes movimentos estavam associados à fertilidade, sendo praticados em rituais e cultos em Templos, homenageando a Grande Mãe pelo seu poder de dar e manter a vida.

Com a invasão dos árabes no Egito, e uma série de migrações em um período conturbado de guerras, a Dança do Ventre passou a ser conhecida por outros povos, que a incorporaram a sua cultura e modificaram-na de acordo com suas crenças e desejos. A primeira modificação foi a perda do caráter religioso. Por isso é tão difícil e complexo falar sobre esta dança que, devido ao seu histórico, em cada país possui um sentido e uma tendência.

A Dança do Ventre tem seguido um processo evolutivo e tem sido praticada em inúmeros tipos de cenários como, palácios, mercados, praças e até em bordéis. A sua história acompanha a da humanidade, e deste fato não se pode fugir. Ela promove uma ligação direta entre o folclórico, o improviso e a imaginação individual de cada bailarina; um equilíbrio entre a regra e a liberdade de expressar seus sentimentos e movimentos.

Apesar de toda imensidão que abrange, a Dança do Ventre é conhecida e considerada representante do mundo árabe e está intimamente ligada a sua música e seus ritmos de percussão. Ao contrário do que muitos imaginam, em cada ritmo árabe existe um componente primordial, que é a improvisação.

Por fim, vale ressaltar os nomes das grandes bailarinas árabes que, de inúmeras formas, contribuíram para a história da Racks el Chark: Tahia Carioca, Nadia Gamall, Sâmia Gamall, Nagwa Fuad, entre outras.

No Brasil, dentre inúmeros nome, contamos com dois que, sem dúvida, também contribuíram para a história da Dança do Ventre: Shahrazade, a introdutora do Racks el Chark no país, e Samira, uma das grandes inovadoras e pioneiras da Dança.

Durante a dança um tipo de exaltação (lí,li,li,li...) é muito comum entre os povos das aldeias e daqueles que vivem nos desertos, também chamados beduínos. É uma espécie de aclamação à bailarina pela beleza de sua dança.

A verdadeira dança do ventre não deve ser confundida com a imagem publicitária que faz da bailarina um objeto sexual. A sensualidade existe, sem dúvida, mas envolta num clima de magia e misticismo sublimes. É uma dança milenar, portanto, tem um peso cultural que merece ser respeitado.

Após esta viagem histórico-cultural, sejam bem-vindos ao mágico mundo da Racks el Chark.

Fonte: Khan El Khalili


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