sábado, 9 de novembro de 2013

DANÇA DO VENTRE: ARTETERAPIA



A Dança do Ventre Terapêutica segue a linha Egípcia, que remete ao Antigo Egito onde as sacerdotisas do Templo do Sol realizavam rituais com cânticos e várias danças em homenagem ao Deus Sol (Rá como era conhecido pelos egípcios). Envolvia uma filosofia de amor e paz. A Dança do Ventre era realizada em homenagem ao Deus Sol; à ele eram oferecidas flores de lótus, incenso, essências, água e frutas. Somente as sacerdotisas dançavam, e, neste momento, não podiam ter o corpo tocado em sinal de respeito, pois buscavam uma integração com o Universo, sentindo Deus em toda sua totalidade e também em todos os seres vivos. Por isso realizavam movimentos que representavam os animais em seus aspectos divinos, bem como os quatro elementos da natureza e suas divindades (Terra, Água, Fogo e Ar). Sentindo a harmonia cósmica, alcançavam um estado de êxtase profundo.

Os ensinamentos da Dança do Ventre Terapêutica tem como base a visão do nosso corpo em quatro partes distintas: Terra, Água, Ar e o Fogo e nos 7 chakras (centros de força por onde circulam a energia vital). Existem movimentos da dança específicos para equilibrar cada um dos 7 chakras. Seguindo esta divisão, os movimentos são ensinados para que a praticante possa se manter em equilíbrio energético absoluto, o que evita mudanças de humor e doenças. Entre outros benefícios, proporciona auto confiança, serenidade, aceitação e desbloqueio de sentimentos reprimidos relacionados ao seu corpo.

Deixando-se dançar, as mulheres vão se soltando, tornando-se pessoas mais sensíveis e fortes, harmoniosas e até mais bonitas. Resgatando a essência feminina, alcança-se o conhecimento intuitivo, a linguagem dos nossos cinco sentidos. A mulher que pratica Dança do Ventre tem consciência de seu próprio corpo. Alcança um autoconhecimento que desperta o amor próprio, fazendo-a perceber a beleza de existir, onde a forma física não é aquela ditada pela sociedade, e sim a sua própria forma seja ela qual for
.
A dança é a celebração da vida, seu ritmo representa a escala pela qual se realiza e completa a libertação.

A Dança do Ventre Terapêutica tem como objetivo principal proporcionar o renascimento da mulher como ser único, consciente de sua importância e de seu espaço no mundo.

Texto de Amani Suhair
Professora, coreógrafa e bailarina

História da Dança do Ventre no Brasil



A história da Dança do Ventre no Brasil ainda é recente, datando de aproximadamente uns cinqüenta anos para cá. E pode-se dizer que provavelmente ela teve seu início quando os primeiros árabes aqui chegaram. Os primeiros imigrantes árabes vieram da Síria e do Líbano por volta de 1880, e se concentraram principalmente no estado de São Paulo, mais especificamente na capital.

A bailarina Patrícia Bencardini em seu livro “Dança do Ventre – Ciência e Arte” nos diz que: “A partir dos anos 50, uma grande população muçulmana entrou no Brasil, vindos de diferentes regiões do Oriente Médio. E, na década de setenta do século XX, novos imigrantes libaneses vieram para o Brasil fugindo da guerra civil, quando muitos encontraram parentes distantes que vieram no começo do século”.

Provavelmente este foi o caso da bailarina palestina SHAHRAZAD Shahid Sharkey que aqui chegou por volta de 1957. Muitas bailarinas acreditam que ela foi a pioneira desta dança no Brasil. Seu nome de nascimento é Madeleine Iskandarian. Shahrazad foi cabeleireira por 18 anos e passou a dedicar-se à Dança do Ventre a partir do final da década de 70 no Brasil, embora já dançasse profissionalmente desde os sete anos em diversos países árabes, como conta em seu livro. No Brasil, se apresentou em diversos restaurantes árabes, teatros e programas de televisão, além de ter concedido várias entrevistas. Publicou em 1998 o livro intitulado “Resgatando a Feminilidade – expressão e consciência corporal pela dança do ventre”, além de alguns vídeos com a didática que desenvolveu para o ensino de dança, com aproximadamente três mil exercícios criados por ela. A última edição de seu livro foi lançada na 17º Bienal do Livro em São Paulo. Sua dedicação à Dança do Ventre, além de incluir a formação de grandes bailarinas e professoras, incluiu, ainda, sempre uma luta pela valorização da dança e nunca por sua vulgarização.

No entanto, sabe-se que Zuleika Pinho foi a primeira bailarina a realizar uma apresentação de Dança do Ventre no Brasil, em um clube árabe chamado Homes, no ano de 1954. Nesta época Zuleika tinha apenas 14 anos: "Me perguntaram se poderia apresentar uma dança oriental, não tinha idéia do que era, mas aceitei", conta Zuleika. Nesta época, ela passou a se apresentar em vários restaurantes e programas de televisão, assim como aparecer em muitos jornais da época.

Mesmo assim, na década de 80, segundo a bailarina MÁLIKA, “a dança do ventre era muito pouco conhecida e difundida no Brasil”. Era difícil obter materiais para estudos, aulas e apresentações como discos, CDs, vídeos e roupas. A literatura também era escassa, pois segundo ela, “no Brasil não havia publicações sobre o assunto e escassas eram as publicações em inglês e francês”.
Para a bailarina, esta situação passou a se modificar a partir da década de 90 quando, no Brasil, começaram a surgir publicações sobre a Dança do Ventre em jornais e revistas, com o surgimento de eventos, concursos e desfiles, além de programas de televisão, rádio e internet tratando do assunto. Essa procura pela dança acentuou-se ainda mais após a exibição da novela “O Clone” pela Rede Globo de televisão.

Muitos profissionais dizem que não havia música árabe no Brasil, porque aqui não se produzia e não se vendia também. Os discos de vinil na época tinham que ser comprados fora do país.

De acordo com Jorge Sabongi, proprietário da Casa de Chá Khan el Khalili, no início dos anos 70 havia alguns poucos restaurantes árabes como Bier Maza, Porta Aberta e Semíramis, que atualmente não existem mais. Eles contavam com algumas apresentações de Dança do Ventre e alguns músicos árabes.
 
Um pouco depois, na década de 80, surgiram as primeiras bailarinas de Dança do Ventre brasileiras, que podem ser consideradas como a primeira geração de bailarinas no Brasil. Foram elas: Shahrazad, Samira, Rita, Selma, Mileidy e Zeina.

O primeiro vídeo didático de Dança do Ventre brasileiro foi lançado em 1993, pela Casa de Chá egípcia Khan el Khalili, tendo como professora a então já bailarina Lulu Sabongi. Desde então, muitos outros vídeos, e mais recentemente DVDs, têm sido produzidos no Brasil, tanto didáticos quanto de shows. Também muitos DVDs internacionais têm sido comercializados aqui, já que a procura tem sido cada vez maior.

A casa de chá egípcia Khan el Khalili foi inaugurada em 1982 por Jorge Sabongi e antes de completar dois anos passou a contar com apresentações de Dança do Ventre (por sugestão de uma casal de egípcios) uma vez a cada três meses. Até que apareceu Lulu Sabongi, que, após iniciar os estudos na Dança do Ventre, começou a se apresentar na Casa de Chá, cada vez com maior freqüência e com um público cada vez maior. Hoje a Khan el Khalili tem mais de vinte e cinco anos de existência. Além de contar com casa de chá, conta ainda com apresentações diárias de Dança do Ventre, oferece aulas, shows, produz Cds e DVDs, exportando inclusive para outros países.
 
Os primeiros Cds produzidos no Brasil vieram da família de músicos Mouzayek, liderada pelo cantor Tony Mouzayek. A coleção de Cds intitulada “Belly Dance Orient” encontra-se atualmente em seu 59º volume.

A família Mouzayek veio da Síria na década de 70 e aqui se instalou contribuindo para a divulgação da cultura árabe, principalmente da Dança do Ventre no Brasil. Além de músicos, são proprietários de uma loja no centro de São Paulo, a Casa Árabe, que existe há mais de quarenta anos e vende diversos artigos para Dança do Ventre, como CDs, DVDs, roupas, acessórios, livros e instrumentos musicais.
 
Um importante e grande evento de Dança do Ventre que ocorre anualmente no país é o “Mercado Persa”. Ele ocorre na cidade de São Paulo desde 1995 e é caracterizado por promover muitas apresentações de dança oriental (amadoras e profissionais) e por vender muitos artigos especializados às suas praticantes. O número de participantes deste evento vem aumentando desde seu surgimento, tanto que já conta com dois palcos e não mais com um como no início. O que significa que durante doze horas, das 10 às 22, acontecem apresentações ininterruptas de Dança Árabe em dois palcos simultaneamente. Este evento foi criado pela bailarina Samira Samia e é dirigido por sua filha, a também bailarina, Shalimar Mattar. Foram, ainda, elas que criaram o primeiro jornal sobre o assunto no Brasil “Oriente Encanto e Magia”, com publicação mensal, existente desde o ano de 1995. Sua distribuição é gratuita e consta de matérias, artigos, fotos, divulgação de eventos e de profissionais da área.

O primeiro livro sobre o assunto, “Dança do Ventre – uma arte milenar”,  foi escrito pela bailarina e professora Málika, em 1998, pela Editora Moderna. Foi lançado na Bienal do mesmo ano, mas atualmente se encontra esgotado.De acordo com a autora, o livro surgiu “de um caderno de estudos, onde costumava anotar passos, dúvidas, temas a serem pesquisados e/ou aprofundados, curiosidades etc”. Hoje em dia não nos deparamos mais com muitos dos problemas que havia antes, como a falta de Cds, vídeos, figurinos, professoras, bailarinas na área de Dança do Ventre. Muito pelo contrário, há uma abundância grande de material para estudos e pesquisas, principalmente com a internet. Nela há textos, fotos, divulgações de eventos, bem como vídeos.

Há uma estimativa de que o Brasil é, junto com os Estados Unidos, um dos países ocidentais com o maior número de praticantes do mundo. De fato, a mulher brasileira se identifica com as características da Dança do Ventre e, talvez, por esse motivo ela faça tanto sucesso aqui.
Atualmente no Brasil as aulas de Dança do Ventre são oferecidas em diferentes espaços como em academias de ginástica, clubes, escolas especializadas, escolas de dança, assim como em espaços esotéricos e centros culturais. Muitas revistas e livros já foram escritos sobre o assunto, não se esquecendo de que a divulgação maior fica por conta da internet.

Apesar de pequena ainda, há uma participação da Dança do Ventre no meio acadêmico, como algumas publicações de monografias, artigos científicos e dissertações de mestrado.

Além disso, nosso país conta, ainda com muitos eventos anuais que prestigiam a Dança do Ventre, assim como workshops nacionais e internacionais realizados, principalmente, na cidade de São Paulo e do Rio de Janeiro.

Fonte:
http://www.centraldancadoventre.com.br/a-danca-do-ventre/a-danca-do-ventre-historia

Um pouco mais sobre a história da Dança do Ventre



Originalmente o nome da Dança do Ventre é Racks el Sharqi, cujo significado do árabe é Dança do Leste. Posteriormente este nome foi traduzido pelos franceses como Danse du Ventre e pelos norte-americanos como Belly Dance. Chegou ao Brasil, portanto, como Dança do Ventre, ou Dança Oriental Árabe ou ainda Dança do Leste que seria a forma mais correta de chamá-la, de acordo com a tradução do árabe para o português.

Segundo SHAHRAZAD, a pioneira da Dança do Ventre no Brasil, Dança do Leste foi o nome dado a esta dança porque “significa onde o sol nasce, de onde a mulher recebe as energias e o poder do Sol”.

A Dança do Ventre é uma dança de origem oriental, cujo surgimento exato em termos de localização histórica e geográfica nos é desconhecida. Ou seja, não se sabe ao certo onde e nem quando a Dança do Ventre se originou. A literatura histórica sobre este assunto é escassa e duvidosa, e os poucos autores que se arriscaram a escrever sobre isso concordam. Há poucos documentos e registros que atestam o passado histórico da Dança do Ventre. Devido à dificuldade de encontrar informações confiáveis, surgem diversas interpretações, teorias e hipóteses. A mais aceita delas diz que a Dança do Ventre surgiu no Antigo Egito, em rituais, cultos religiosos, onde as mulheres dançavam em reverência a deusas.  Com movimentos ondulatórios e batidos de quadril, as mulheres reverenciavam a fertilidade, celebravam a vida. Ou seja, tratava-se de uma dança ritualística, em caráter religioso, sem apresentações em público. Essas mulheres reverenciavam as deusas que acreditavam ser as responsáveis pela vida da terra, pela vida gerada no ventre da mulher, e pelos ciclos da natureza. Há quem diga que ao dançarem as mulheres também se preparavam para ser mães, já que a movimentação da Dança do Ventre ajudava a fortalecer a região pélvica, facilitando o parto.

Dizem que quando os árabes invadiram o Egito, eles se apropriaram da Dança do Ventre e a disseminaram para o resto do mundo. Esse caráter religioso da Dança do Ventre, a qual era realizada em rituais sagrados em homenagens a deusas, modificou-se. Raramente a Dança do Ventre hoje é praticada como um ritual religioso, mesmo que muitos ainda a vejam como uma prática sagrada. A característica mais evidente hoje da Dança do Ventre é cultural, artística e profissional. Cultural porque ela faz parte da tradição, do patrimônio cultural de muitos países, principalmente árabes, nos quais a dança é transmitida de uma geração a outra. Neste sentido, poderíamos dizer que a Dança do Ventre tem o mesmo significado para os países árabes que o tango tem para a Argentina, o flamenco para a Espanha e o samba para o Brasil. São danças que compõem o patrimônio cultural de cada país. A característica artística e profissional da Dança do Ventre se manifesta nas pessoas que a estudam, treinam, ensinam, se apresentam. Ou seja, quando a Dança do Ventre se transforma na profissão de muitas pessoas. Isso acontece atualmente tanto nos países árabes quanto nos países ocidentais, onde há bailarinas e professoras de Dança do Ventre. No passado histórico supõe-se que a Dança do Ventre tivesse caráter informal de aprendizagem. Ou seja, não havia escolas que ensinavam a dançar, fato que é muito diferente do que ocorre hoje. Tampouco havia preocupações quanto à sua técnica, quanto à sua forma de realização. Era basicamente uma dança de caráter sagrado praticada somente por mulheres, nas quais umas aprendiam com as outras informalmente, não necessitando de aulas para tal.

Muitos anos após seu provável surgimento, a Dança do Ventre passou por muitas e diversas influências culturais de diferentes épocas e países, e sofreu as alterações de países ocidentais onde ela chegou.  Por exemplo, podemos dizer que as suas características de aprendizagem e de realização modificaram-se bastante. Atualmente, principalmente no ocidente quando uma mulher quer aprender a Dança do Ventre, ela geralmente faz aulas, estuda, ensaia, treina. O que mostra sua característica de dança artística. Provavelmente em sua origem a Dança do Ventre não era coreografada. Ela era uma dança improvisada, que surgia de acordo com os sentimentos, criatividade e reverência no momento de sua execução. Hoje, como sabemos, ao assistir ou elaborar uma apresentação, ela pode ser coreografada ou improvisada. Isso depende da escolha da bailarina, da adequação ao local ou tipo de evento da apresentação.

A partir do final do século XX, tem-se observado um crescente interesse do Ocidente pela Dança do Ventre, ou seja, em países americanos como o Brasil e EUA, e em países europeus como a Espanha, Portugal e França, entre outros. Este interesse se deve talvez ao fato de a Dança do Ventre ser muito diferente das danças praticadas no Ocidente, exigindo uma movimentação e uma estética diferentes das outras danças, assim como as características musicais.  De acordo com a bailarina e professora HAYAT EL HELWA “A dança foi vista na Europa pela primeira vez na Mostra Mundial de Paris em 1889, onde foram trazidos diversos artistas de rua, algerianos, para se apresentarem na mostra”. Nos países árabes atualmente as apresentações de Dança do Ventre ocorrem em diversos lugares como casas de shows, teatros e nihgt clubs (que geralmente ficam em hotéis cinco estrelas). Inclusive muitas bailarinas brasileiras quando vão trabalhar nos países árabes como o Egito, é nestes hotéis cinco estrelas que elas se apresentam. Sobre as apresentações, ainda é importante dizer que elas ocorrem geralmente no palco destes lugares, e quase sempre com uma banda composta de muitos músicos. Geralmente cada bailarina tem sua própria banda para acompanhá-la.

Fonte:
http://www.centraldancadoventre.com.br/a-danca-do-ventre/a-danca-do-ventre-historia

ORIGEM DA DANÇA DO VENTRE




Muito polêmica e incerta é a origem da Dança do Ventre. Ao pesquisar sua origem sempre se chega à seguinte conclusão: “Não há registros concretos que provem, com exatidão e clareza, a origem da Dança do Ventre”. Em decorrência disso, dissertaremos com base em hipóteses e, ao mesmo tempo, em certezas.

No princípio, “os nomes reais” da Dança do Ventre eram:

  • Dança Oriental - conhecida pelos orientais e nos países árabes. Todavia, o nome não é mais utilizado porque o termo ORIENTAL também designa países como Japão, China, que não fazem parte do contexto aqui mencionado.
  • Racks el Chark - que significa Dança do Leste, local onde o sol nasce. É o oposto de tudo, desconhecido, pouco claro, em decorrência da noite, da escuridão. O Sol também é o alimento e a fonte de energia para tudo e todos.


O nome “Dança do Ventre” foi dado pelos franceses para aquela dança na qual “a bailarina mexia o estômago e o quadril de forma voluptuosa, ao som de ritmos orientais”.

A Dança é uma das mais belas e antigas artes, pois, através dela, o homem passa a perceber o seu corpo de maneira instintiva.

            
Há mais ou menos 12.000 anos, antes, inclusive, do antigo Egito, numa época remota, já existiam danças ritualistas feitas para algumas finalidades. Havia, por exemplo, a dança da fecundidade, em que as mulheres ao redor das fogueiras – símbolo de luz e alimento para os primitivos - balançavam o quadril, pulsavam o ventre e contorciam-se como serpentes, em louvor à Deusa-mãe. Existiam, também, danças com sacrifícios para oferendas, rituais culturais, funerais etc.; realizados por tribos bárbaras e nômades do deserto.

No Antigo Egito a Dança Ritualística tinha um caráter sagrado, intimamente ligado à história e aos costumes. Viver no Vale do Rio Nilo equivalia a estar destinado a uma rotina e geografia extremamente simples. Para os egípcios, tudo era baseado e apoiado na hierarquia de seus Deuses e suas crenças.
            
Sacerdotisas Egípcias costumavam usar movimentos ondulatórios e batidas do ventre e do quadril para reverenciar Deuses como Ísis, Osíris, Hathor. Além disso, acredita-se que estes movimentos estavam associados à fertilidade, sendo praticados em rituais e cultos em Templos, homenageando a Grande Mãe pelo seu poder de dar e manter a vida.

Com a invasão dos árabes no Egito, e uma série de migrações em um período conturbado de guerras, a Dança do Ventre passou a ser conhecida por outros povos, que a incorporaram a sua cultura e modificaram-na de acordo com suas crenças e desejos. A primeira modificação foi a perda do caráter religioso. Por isso é tão difícil e complexo falar sobre esta dança que, devido ao seu histórico, em cada país possui um sentido e uma tendência.

A Dança do Ventre tem seguido um processo evolutivo e tem sido praticada em inúmeros tipos de cenários como, palácios, mercados, praças e até em bordéis. A sua história acompanha a da humanidade, e deste fato não se pode fugir. Ela promove uma ligação direta entre o folclórico, o improviso e a imaginação individual de cada bailarina; um equilíbrio entre a regra e a liberdade de expressar seus sentimentos e movimentos.

Apesar de toda imensidão que abrange, a Dança do Ventre é conhecida e considerada representante do mundo árabe e está intimamente ligada a sua música e seus ritmos de percussão. Ao contrário do que muitos imaginam, em cada ritmo árabe existe um componente primordial, que é a improvisação.

Por fim, vale ressaltar os nomes das grandes bailarinas árabes que, de inúmeras formas, contribuíram para a história da Racks el Chark: Tahia Carioca, Nadia Gamall, Sâmia Gamall, Nagwa Fuad, entre outras.

No Brasil, dentre inúmeros nome, contamos com dois que, sem dúvida, também contribuíram para a história da Dança do Ventre: Shahrazade, a introdutora do Racks el Chark no país, e Samira, uma das grandes inovadoras e pioneiras da Dança.

Durante a dança um tipo de exaltação (lí,li,li,li...) é muito comum entre os povos das aldeias e daqueles que vivem nos desertos, também chamados beduínos. É uma espécie de aclamação à bailarina pela beleza de sua dança.

A verdadeira dança do ventre não deve ser confundida com a imagem publicitária que faz da bailarina um objeto sexual. A sensualidade existe, sem dúvida, mas envolta num clima de magia e misticismo sublimes. É uma dança milenar, portanto, tem um peso cultural que merece ser respeitado.

Após esta viagem histórico-cultural, sejam bem-vindos ao mágico mundo da Racks el Chark.

Fonte: Khan El Khalili


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O ENCANTAMENTO DE ÍSIS


Assim como no cristianismo existem os três princípios divinos que são reverenciados como Pai, Filho e Espírito Santo, no Egito Antigo a divindade sustentava-se em três pilares: a Deusa Ísis, o seu marido Osíris e o filho Hórus.

As antigas lendas egípcias referenciam Ísis como uma rainha poderosa, filha do Deus da Terra Geb, a da Deusa do Céu, Nut. Como filha do céu e da Terra, Ísis tem a atribuição de unir os dois mundos como intermediária, tornando-se a deusa-mãe do Egito, representando também o amor, o poder e a magia.

Conta a lenda que Ísis governou sabiamente o Alto e o Baixo Egito ao lado de Osíris, introduzindo o trabalho e diversas atividades festivas e rituais no reino, como o conceito do casamento por exemplo. Enquanto Ísis permanecia no Egito, Osíris viajava pelo mundo, difundindo os costumes da civilização egípcia.

Certa vez, o irmão de Osíris, Set, organizou um banquete ao qual todos foram convidados. Porém o jantar tratava-se de uma cilada, uma vez que Set tinha a intenção de assassinar o rei Osíris e tomar seu lugar. Na festa, Set fez a seguinte brincadeira: ele havia encomendado um lindo sarcófago, incrustado de pedras preciosas e prometeu dar de presente a quem coubesse nele. Osíris foi experimentar e nesse momento, Set e seus comparsas, pregaram a tampa do caixão, tornando Osíris escravo da morte.

Quando Ísis percebeu o ocorrido, pôs-se a chorar, e de suas lágrimas surgiu o Rei Nilo, que em sua forte correnteza levou embora o sarcófago de Osíris até o mar.

Após o incidente, Ísis, inconsolável, decidiu peregrinar pelo mundo até encontrar a urna com o corpo de seu amado, que havia se perdido no mar.

Segundo a lenda, o sarcófago chegou até uma praia na costa do Líbano e entrelaçou-se a uma árvore, que cresceu exuberante, demonstrando grande beleza, tanto que o rei pediu que a árvore fosse cortada e levada até o palácio, para ser utilizada como pilar.

Enquanto isso, Ísis continuava a buscar o cadáver de seu marido e, ao ouvir a história sobre a árvore, decidiu ir em busca da verdade.

Chegando em seu destino, sua beleza causou tanto impacto nas pessoas da região que logo Ísis foi levada até o rei e a rainha para que a conhecessem. Os monarcas ficaram tão enfeitiçados com sua beleza que a convidaram para morar no palácio e tomar conta do pequeno príncipe, um bebê recém-nascido. Muito apegada à criança, Ísis decidiu conceder-lhe a imortalidade, através de um ritual de invocação do fogo. Certa vez, durante o ritual, Ísis assumiu a forma de uma andorinha, cantando suas lamentações. Encantada pela melodia, a rainha foi até os aposentos do bebê onde se deparou com um ritual hediondo, o que a fez expulsar Ísis do palácio. Porém, antes de partir, Ísis levou consigo o sarcófago com os restos mortais do marido e retornou ao Egito, escondendo a urna no Delta do Rio Nilo.

O irmão de Osíris, Set descobriu onde a urna se encontrava e mais uma vez apoderou-se dela, partindo o corpo do rei em catorze pedaços e jogando-os no Rio Nilo novamente. Desesperada, Ísis com a ajuda de sua irmã, Néftis, conseguiu recuperar todas as partes do corpo de Osíris para então concretizar seu sonho: trazê-lo de volta do mundo dos mortos.

Então Ísis e Néftis organizaram uma vigília fúnebre, na qual suspirou ao cadáver do marido: “Sou eu, sua amada. Não te afastes de mim, clamo por ti! Não ouves a minha voz! Venho ao teu encontro e de ti, nada me separará!”

Durante muitas horas, Ísis e Néftis, com o corpo purificado, inteiramente depiladas, com perucas perfumadas e boca purificada por natrão (carbono de soda), pronunciaram encantamentos numa câmara funerária, impregnada por incenso. Ísis invocou todas as divindades egípcias para que a alma de seu amado conseguisse retornar do além. Todos os seus esforços foram vãos, então, a rainha assumiu a forma de um falcão, cujo esvoaçar restituiu a vida de Osíris, ressuscitando-o.

Em seguida, Ísis uniu-se a Osíris, mantendo-o vivo através da magia por tempo suficiente para que conseguisse engravidar. Alguns pesquisadores afirmam que nesse momento nasceu a Dança do Ventre, o encantamento mágico que Ísis teria utilizado para ressuscitar e seduzir Osíris. Após, ela ajudou a embalsamá-lo, preparando-o para a vida após a morte, surgindo daí os rituais egípcios de enterro.

Ísis então, encontrava-se grávida concebendo assim Hórus, filho da vida e da morte, a quem protegeria até que este se encontrasse capaz de enfrentar o seu tio Set, para restituir o trono que era seu por direito.

Quando Hórus nasceu, Ísis o manteve em segredo até a idade adulta para que ele pudesse buscar vingança em uma longa batalha que seria o fim de Set.

A magia de Ísis evoluiu ainda mais quando Rá lhe concedeu um pouco de seu poder. Ísis é frequentemente representada como uma mulher com asas de falcão, também amamentado seu filho Hórus.

Quando representada em forma de serpente, se ergue na fronte do rei para destruir os inimigos da Luz e ainda existe a simbologia de Ísis sob a forma da estrela Sótis, que anuncia e desencadeia as cheias do Nilo.


Fonte: "Grandes Mestres da Humanidade, Lições de Amor para a Nova Era" - Patrícia Cândido

Dança do Ventre Terapêutica


As Oficinas de Dança do Ventre Terapêutica, desenvolvidas pela professora Silvana Salvador no Centro de Terapias Integrais Luz da Pipa, oferecem às mulheres a aprendizagem da Dança do Ventre com o objetivo de estimular a produção e o equilíbrio dos hormônios femininos, auxiliar a cura da insuficiência ovariana, combater a prisão de ventre, já que estes movimentos trabalham o tônus da parede abdominal e contribuem para o peristaltismo voluntário. A Dança do Ventre, além de estimular a produção de hormônios pela glândula pineal, cujo desequilíbrio leva a mulher à depressão, desenvolve a autoestima.