sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O ENCANTAMENTO DE ÍSIS


Assim como no cristianismo existem os três princípios divinos que são reverenciados como Pai, Filho e Espírito Santo, no Egito Antigo a divindade sustentava-se em três pilares: a Deusa Ísis, o seu marido Osíris e o filho Hórus.

As antigas lendas egípcias referenciam Ísis como uma rainha poderosa, filha do Deus da Terra Geb, a da Deusa do Céu, Nut. Como filha do céu e da Terra, Ísis tem a atribuição de unir os dois mundos como intermediária, tornando-se a deusa-mãe do Egito, representando também o amor, o poder e a magia.

Conta a lenda que Ísis governou sabiamente o Alto e o Baixo Egito ao lado de Osíris, introduzindo o trabalho e diversas atividades festivas e rituais no reino, como o conceito do casamento por exemplo. Enquanto Ísis permanecia no Egito, Osíris viajava pelo mundo, difundindo os costumes da civilização egípcia.

Certa vez, o irmão de Osíris, Set, organizou um banquete ao qual todos foram convidados. Porém o jantar tratava-se de uma cilada, uma vez que Set tinha a intenção de assassinar o rei Osíris e tomar seu lugar. Na festa, Set fez a seguinte brincadeira: ele havia encomendado um lindo sarcófago, incrustado de pedras preciosas e prometeu dar de presente a quem coubesse nele. Osíris foi experimentar e nesse momento, Set e seus comparsas, pregaram a tampa do caixão, tornando Osíris escravo da morte.

Quando Ísis percebeu o ocorrido, pôs-se a chorar, e de suas lágrimas surgiu o Rei Nilo, que em sua forte correnteza levou embora o sarcófago de Osíris até o mar.

Após o incidente, Ísis, inconsolável, decidiu peregrinar pelo mundo até encontrar a urna com o corpo de seu amado, que havia se perdido no mar.

Segundo a lenda, o sarcófago chegou até uma praia na costa do Líbano e entrelaçou-se a uma árvore, que cresceu exuberante, demonstrando grande beleza, tanto que o rei pediu que a árvore fosse cortada e levada até o palácio, para ser utilizada como pilar.

Enquanto isso, Ísis continuava a buscar o cadáver de seu marido e, ao ouvir a história sobre a árvore, decidiu ir em busca da verdade.

Chegando em seu destino, sua beleza causou tanto impacto nas pessoas da região que logo Ísis foi levada até o rei e a rainha para que a conhecessem. Os monarcas ficaram tão enfeitiçados com sua beleza que a convidaram para morar no palácio e tomar conta do pequeno príncipe, um bebê recém-nascido. Muito apegada à criança, Ísis decidiu conceder-lhe a imortalidade, através de um ritual de invocação do fogo. Certa vez, durante o ritual, Ísis assumiu a forma de uma andorinha, cantando suas lamentações. Encantada pela melodia, a rainha foi até os aposentos do bebê onde se deparou com um ritual hediondo, o que a fez expulsar Ísis do palácio. Porém, antes de partir, Ísis levou consigo o sarcófago com os restos mortais do marido e retornou ao Egito, escondendo a urna no Delta do Rio Nilo.

O irmão de Osíris, Set descobriu onde a urna se encontrava e mais uma vez apoderou-se dela, partindo o corpo do rei em catorze pedaços e jogando-os no Rio Nilo novamente. Desesperada, Ísis com a ajuda de sua irmã, Néftis, conseguiu recuperar todas as partes do corpo de Osíris para então concretizar seu sonho: trazê-lo de volta do mundo dos mortos.

Então Ísis e Néftis organizaram uma vigília fúnebre, na qual suspirou ao cadáver do marido: “Sou eu, sua amada. Não te afastes de mim, clamo por ti! Não ouves a minha voz! Venho ao teu encontro e de ti, nada me separará!”

Durante muitas horas, Ísis e Néftis, com o corpo purificado, inteiramente depiladas, com perucas perfumadas e boca purificada por natrão (carbono de soda), pronunciaram encantamentos numa câmara funerária, impregnada por incenso. Ísis invocou todas as divindades egípcias para que a alma de seu amado conseguisse retornar do além. Todos os seus esforços foram vãos, então, a rainha assumiu a forma de um falcão, cujo esvoaçar restituiu a vida de Osíris, ressuscitando-o.

Em seguida, Ísis uniu-se a Osíris, mantendo-o vivo através da magia por tempo suficiente para que conseguisse engravidar. Alguns pesquisadores afirmam que nesse momento nasceu a Dança do Ventre, o encantamento mágico que Ísis teria utilizado para ressuscitar e seduzir Osíris. Após, ela ajudou a embalsamá-lo, preparando-o para a vida após a morte, surgindo daí os rituais egípcios de enterro.

Ísis então, encontrava-se grávida concebendo assim Hórus, filho da vida e da morte, a quem protegeria até que este se encontrasse capaz de enfrentar o seu tio Set, para restituir o trono que era seu por direito.

Quando Hórus nasceu, Ísis o manteve em segredo até a idade adulta para que ele pudesse buscar vingança em uma longa batalha que seria o fim de Set.

A magia de Ísis evoluiu ainda mais quando Rá lhe concedeu um pouco de seu poder. Ísis é frequentemente representada como uma mulher com asas de falcão, também amamentado seu filho Hórus.

Quando representada em forma de serpente, se ergue na fronte do rei para destruir os inimigos da Luz e ainda existe a simbologia de Ísis sob a forma da estrela Sótis, que anuncia e desencadeia as cheias do Nilo.


Fonte: "Grandes Mestres da Humanidade, Lições de Amor para a Nova Era" - Patrícia Cândido

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